A propósito de gatos, li um artigo de opinião do escritor madeirense António Cruz, o qual não resisti aqui publicar. É que há gatos e Gatos...
Os sussuros dos meus gatos...miau...
Assumo que os meus gatos são cultos. Mais cultos do que muitos que se tentam ligar desastrosamente à cultura produzida nesta Região plantada em pleno oceano de túrbidas vagas (miau...)
São gatos que se passeiam sobre os manuscritos que vou deixando sobre a minha mesa de trabalho. Ou que insistem em teclar ao mesmo tempo que eu no computador onde vou deixando projectos e concretizações de escritos (miau...)
São gatos que também lêem! Oh se lêem! Descansando sobre o meu colo as suas cabecinhas ronronantes, seguem de olhar semi cerrado, as linhas que vou inspirando de poetas e prosadores. São gatos letrados, ao contrário de tantos iletrados que se continuam a colar ao nosso (in)sucesso cultural (miau...)
Mas também são gatos conselheiros, ronronando-me, sussurando-me, o rídiculo e presunção dos pseudo-críticos literários cá do burgo. Assanhando-se ao mencionar de um nome...arqueando-se ao passar de um "escolho cultural" ...esgatanhando-se ao pressentir mais um desvario do lobby... (miau...miau...miau)
São gatos que me sussuram, qual brisa leve e sossegada que por mim passa: continua o teu vício felino de seres livre, seja nas palavras, nos gestos ou nos silêncios.
São gatos que me incentivam: mantém a tua postura irrequieta, inquieta, rebelde e ousada para com o mundo que te circunda.
São gatos que me ronronam: passa pela vida com inteligência, elegância e dignidade, sem sem curvar a tua cerviz, sem maldade e sem inveja, sem lambebotismos e oportunismos. Como sempre tens feito. E assim vivo e comungo diariamente com os meus gatos. Em cumplicidade de ideias. Em troca de afagos. Em parceria de libertinagem, de liberdade, de paixões e de divertimentos. Em busca dos amores impossíveis, sempre apaixonados pelas suas próprias paixões. Porque os gatos são animais apaixonados.
Por isso, aos gatos de toda a minha vida, Manel, Maria, Matilde, Simão, Micha e Saramago, o meu miau de agradecimento pelo permanente magnetismo que me vão passando através das suas comunicações secretas e invisíveis. Pela amizade incondicional, pela dedicação felina e pela inspiração ilimitada.
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