"De facto, não visto o fato"
«A minha Pátria é a Língua Portuguesa», disse o poeta. E eu, que gosto de poetas e de palavras, não gosto de ver assim a minha pátria amputada, de fato em vez de facto. Presa a um fato alheio que lhe tolda os movimentos, que a deixa presa a uma língua falada por outros, a uma cultura importada, a um sentir que não é o seu, nem o nosso.
Não gosto do novo acordo ortográfico porque, tal como diz Pessoa, sinto que "a ortografia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida." Se lhe caem letras, cortadas por acordos políticos, as palavras sangram, e choram, e gritam. Tal como as árvores morrem de pé. Ao vento, na liberdade de todos os escritores e poetas, de todos os que falam, e escrevem. Na liberdade de um país que tem direito a falar uma língua por inteiro. Sem influências impostas à força por gente que sabe muito, mas que não ouve o grito das palavras."
Fonte:http://www.dnoticias.pt./ ed. de 13 de Maio de 2008, últ. Pág.; Art. de Raquel Gonçalves
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