A escola acabara de abrir para mais um ano de actividade e a professora esforçava-se por fazer compreender aos alunos as vantagens que tinham em estudar todos os dias.
- Grão a grão enche a galinha o papo!
- Devagar se vai ao longe! - Lembrou outro aluno.
- É isso mesmo! - Rematou a professora. A sabedoria, aquilo que se aprende na escola, é um trabalho de todos muito lento e progressivo.
Um dos alunos chegou a casa muito contente e perguntou á mãe e á avó se sabiam o que eram provérbios.
- São coisas que as pessoas dizem a respeito do tempo, do que vai acontecendo... - disse a mãe.
- É a sabedoria popular!... interrompeu-a a avó, acrescentando, há provérbios para tudo e... ensinam-nos cada coisa!
- E a avó sabe muitos? - quis saber o neto.
- Sei alguns! Lá vai estes que se referem á cautela:
- Vale mais prevenir do que remediar!
- Nem tudo o que luz é ouro!
- Vale mais um pássaro na mão, que dois a voar!
- Mais vale perder um minuto na vida, do que a vida num minuto!
- Esse refere-se ao trânsito, não é verdade? - interrompeu o neto!
- Até a rainha, que é rainha, precisa da sua vizinha!
- Significa que ninguém consegue viver sozinho, por mais rico, poderoso ou importante que seja! - Explicou a mãe.
Interessante! - Confirmou o filho, desejoso por mais.
- Deves ir ali abaixo, á casa da vizinha. Ela sabe tantos, que até escreveu num caderno.
E, de tarde, ele foi bater á porta da vizinha, dizendo ao que vinha.
Muito bem disposta, a senhora pegou no caderno e começou:
Provérbios que se referem aos meses!
- Janeiro fora, cresce uma hora!
Em Abril, águas mil!
Em Abril a velha vai onde deve ir e volta cedo ao covil!
- Porquê? - quis saber o pequeno. Ainda faz frio e chove! . disse a senhora, voltando ao caderno.
- Em Dezembro descansar para em Janeiro trabalhar!
Quando o Natal é de Sol, a Páscoa é de chuva!
E, após uma pausa, pegou numa folha de papel dobrada, dentro do caderno.
- Estes vieram-me do Brasil!...
- Leia! - pediu o pequeno admirado de tanta sabedoria.
Janeiro - Janeiro molhado se não é bom para o pão, não é mau para o gado.
Fevereiro - o mais curto e o menos cortês.
Março Março, marçagão; manhã de Inverno, tarde de Verão.
Abril - Abril frio e molhado, enche o celeiro e farta o gado.
Maio - Maio pardo e vistoso, vem o ano venturoso.
Junho - Junho floreiro, paraíso verdadeiro.
Julho - Quem em Julho ara e fia, ouro cria.
Agosto - Quem em Agosto ara, riqueza prepara.
Setembro - Setembro enche o celeiro, alegrando o fazendeiro.
Outubro - Outubro suão, negaças de Verão.
Novembro - De todos os Santos ao Advento, nem muita chuva nem muito vento.
Dezembro - Dezembro ou seca os poços ou leva os pintos.
- São muito parecidos com os nossos! - disse da porta a avó que viera buscar o pequeno.
Ele lembrou-se de pedir à vizinha o caderno emprestado. levou-o para casa, copiou numa folha os provérbios mais importantes e na escola foi rei.
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